Gibson da Costa
Se você for professor de História ou historiador (sim, porque, para mim, os dois não são sinônimos) já está familiarizado com a tensão entre historiadores e jornalistas que escrevem livros com temática histórica. A disputa por espaço editorial, por parte dos historiadores, é antiga (e, em minha opinião, sem sentido) e tem levado, muitas vezes, à desqualificação das publicações de jornalistas por parte de historiadores. A verdade é que, enquanto o trabalho de pesquisa e escrita acadêmica dos historiadores é fundamental e indispensável, os jornalistas preenchem o vácuo em termos de divulgação dessas pesquisas para um público não especializado. O resto é conversa de gente invejosa ou ciumenta (leia-se, historiadores que não se esforçam para escrever para o público fora dos círculos universitários)!
Apesar
de minha formação no campo da História (nas graduações e na
pós-graduação) e de minhas pesquisas, não me considero um
historiador (diferentemente da identidade imposta pela pressão
regulamentatória dos profissionais da área no Brasil). Sou,
simplesmente, um professor que faz uso das pesquisas feitas por
historiadores em meu ensino – como, a propósito, também o fazem
professores-pesquisadores que ensinam História na universidade. Isso
todos nós temos em comum com os jornalistas que escrevem sobre
temática histórica.
Independentemente
das críticas que se possam fazer a certos aspectos das obras
escritas por jornalistas, devemos reconhecer que ao menos sua
linguagem faz um imenso favor à divulgação historiográfica.
Especialmente quando pensamos no público alcançado pelas mesmas.
Quando penso nas obras de Laurentino Gomes, só para citar um exemplo, e no
interesse que as mesmas despertam em adolescentes que, de outra
forma, não se interessariam pelos temas de seus livros, a
importância da divulgação ao público não universitário se torna
clara.
A
seguinte entrevista desse autor ao “Roda Viva”, sobre a qual poderia fazer muitos comentários (positivos ou não), pode ajudar a desfazermo-nos de alguns dos estereótipos atrelados ao trabalho
jornalístico no campo da História. Vale a pena assistir!
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