Gibson
da Costa
A
crítica oferecida por Propaganda, em sua brilhante canção
“Bored of Education”, à irrelevância da forma como
esperam que testemos os estudantes é válida para, talvez, a maioria
dos sistemas educacionais do mundo. É certamente válida para o
brasileiro.
Sempre
considerei a obsessão em testar estudantes como uma forma de
patologia institucional. E o pior é que essa “patologia” é
forçosamente internalizada por novas gerações de professores.
Testar
e avaliar não são sinônimos necessários. Aplicar um teste não é
o mesmo que avaliar a curva de aprendizagem dum estudante. Isso é
ainda mais verdadeiro se o teste em questão mensura apenas a
capacidade do estudante memorizar dados, que muitas vezes, para eles,
se mostram irrelevantes em suas próprias vidas.
Por
que, por exemplo, se ensina/estuda Filosofia na escola? Será que há
uma razão mais ampla do que simplesmente aprender listas de autores,
obras e escolas de pensamento? E se há, por que, então,
aplicaríamos testes objetivos – de múltipla escolha – nos quais
seriam testados apenas a lembrança desses dados? A mesma questão
pode ser feita sobre todos os demais componentes curriculares da
escola.
Reforçando
o que diz a letra da canção de Propaganda, “não
podemos procurar no Google quando a Magna Carta foi assinada?”
Por
que definiríamos o desenvolvimento escolar de nossos estudantes com
base em seu desempenho num momento específico no qual são
testados? Não podemos esquecer que as notas que recebem como
recompensa/punição por seu desempenho não consideram as
circunstâncias nas quais são testados: o desconforto físico do
local, do assento; o calor ou frio; o barulho; as condições
emocionais do estudante; o(s) tipo(s) de inteligência(s) mais
desenvolvida(s) em seu caso, etc. Assim, essas notas não podem
representar plenamente – nem perto disso – a mudança que
realmente possa ter se operado na aprendizagem dos estudantes.
Como,
no mundo real de nossas escolas, somos obrigados a aplicar
testes/provas, então o que nos resta é nos esforçarmos para que os
testes que impomos aos nossos estudantes sejam capazes de produzir
mais que apenas memorizadores de dados.
Afinal
de contas, nossos testes são um reflexo de nossa compreensão de
mundo e da educação!... E uma salva a Propaganda por nos lembrar disso!
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